Câmara Municipal de Araraquara

Data: 10/07/2023

Protocolo: 06821/2023

Guichê: 50792 - 11/07/2023

Situação: Respondida

Regime: Ordinário

Autoria: ALCINDO SABINO

Assunto: Indicação do nome de José Celso Martinez Corrêa, Zé Celso, como possibilidade de nomeação da Sala de Espetáculos do Teatro Municipal de Araraquara.

Texto: Apresentamos, muito respeitosamente, ao Excelentíssimo Senhor Prefeito Municipal, a presente Indicação para que, em consonância aos demais órgãos desta Preclara Administração Pública, Secretarias, Coordenadorias e Gerências, merecedoras do nosso mais profundo respeito, se dignem no soerguimento do nome de José Celso Martinez Corrêa, Zé Celso, como possibilidade de nomeação da Sala de Espetáculos do Teatro Municipal de Araraquara. José Celso Martinez Corrêa, nascido em 1937 em Araraquara, conhecido como Zé Celso, foi um diretor, ator, dramaturgo e encenador brasileiro. Construiu um dos mais originais percursos dos palcos nacionais. Irmão do também Diretor Luís Antônio Martinez Corrêa, o qual já nomeia a Casa da Cultura de Araraquara. Zé Celso, foi amigo de infância do escritor, também Araraquarense, Ignácio de Loyola Brandão. Entrou para o curso da Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo, mas não exerceu a profissão, ficando inconcluso. Porém, foi durante tal curso de graduação na USP que o dramaturgo ali formou o Teatro Oficina. Seu trabalho, encarado às vezes como orgiástico e antropofágico, iniciou-se no fim da década de 1950, e se definiu na década de 1960, quando Zé Celso liderou a importante Teatro Oficina, onde apresentava sua inquietude e irreverência, realizando trabalhos de caráter inovador. Zé Celso começou profissionalmente no teatro com uma peça de sua autoria, “Vento Forte para Papagaio Subir”, em 1958, e “ A Incubadeira” (1959), também de sua autoria. A estreia de José Celso como diretor vem com “A Vida Impressa em Dólar”, de Clifford Odetts. Interessado em eventos culturais, artísticos e políticos, Zé Celso intercalou entre o cinema e o teatro. Trabalhou em “Encarnação do Demônio” (2007), de José Mojica Marins (lançado em 2008), dirigiu e atuou em inúmeras peças teatrais. Por experimentar formas ousadas de se realizar uma peça teatral, Zé Celso já se viu entre críticas internacionais. Na década de 2000 lutou contra o Grupo Silvio Santos, que buscava construir um empreendimento comercial nos arredores do Teatro Oficina, cujos traços originais, projetados pela arquiteta Lina Bo Bardi, interagem com vizinhança ameaçada pela incorporação imobiliária. Praticante da genialidade brasileira, Zé Celso defendia um teatro livre. Reinterpretou peças sob uma ótica influenciada pela Tropicália e foi, antes de tudo, um questionador, ao construir peças que expunham os “bons costumes”, o que o colocou na mira da Ditadura Militar de 1964. Zé Celso foi preso por cerca de dois meses, torturado pelo Dops (Departamento de Ordem Política e Social) sem sequer saber de que era acusado e passou quatro anos exilado em Portugal para sobreviver aos anos de chumbo. Em 4 de julho de 2023, foi vítima de um incêndio em seu apartamento, localizado no bairro do Paraíso, na Zona Sul de São Paulo. Vindo a falecer dois dias depois, no dia 06 de julho de 2023. “Zé Celso foi o “fogo” no teatro. E morreu devorado pelo fogo. Das raras pessoas que conseguiram dar sentido à própria vida. Teatro ele comeu, bebeu, foi feliz, realizou, dormiu, namorou, sofreu”, por Ignácio de Loyola Brandão.

Justificativa: Por toda essa vida de amor e de memórias marcantes á Cultura Nacional, contamos com a sensibilidade desta Douta Administração Pública no sentido de, por lídima inteireza e fineza, nomear-se a Sala de Espetáculos do teatro Municipal de Araraquara com o nome de José Celso Martinez Corrêa, ilustre filho da Morada do Sol. Na expectativa de uma breve manifestação a respeito, aproveito o ensejo para reiterar meus votos de estima e apreço.